quarta-feira, julho 19, 2006

Orkut - Quase de fora...

Quando pintou a onda Orkut fiquei super interessado. Mas fiquei ali, na moita, vendo pra onde ia a moda. Acho que antes de preeencher meu perfil de forma completa, se passaram alguns meses. Meu irmão - o Angelo - é sempre o pioneiro nessas coisas. Fiquei a observar o profile do Mano. Poucas semanas me convenceram das possibilidades do serviço. Aí entrei de sola. Li sobre o dito e resolvi contribuir para o imenso banco de dados que a Google (a empresa) montava com gente de todos os cantos. Sim, pois não se enganem. Com o Orkut a Google ganhou uma ferramenta capaz de traçar o perfil de determinada região somente tratando os dados que se acumulam em seus HDs. Mas tudo bem: é um efeito colateral de um serviço que se demonstrava pra mais que atraente. Sabe lá o que é encontrar pessoas perdidas nos anos, olhar sua cara, suas manias (se permanecem as mesmas ou não), o que andam a fazer e desfazer e ainda poder mandar um "oi" quando em vez????
A coisa toda tem por base a "Teoria dos Seis Graus de Separação". A tese, um tanto quanto controversa, reza a existência de somente seis relações de amizade unindo duas pessoas em qualquer ponto do globo, mesmo que uma esteja no Pólo Norte e a outra domiciliada no Pólo Sul... Acurada ou não, a idéia foi comprada pelo engenheiro turco Orkut Buyukkokten (funcionário da Google) que formatou o sistema que leva seu nome. Por nada, por nada a coisa era divertida... Eu disse "era" pois, confirmando a regra, a Qualidade continua sendo a vítima preferencial da Quantidade. Virando mania brasileira, o sistema adquire - junto à simpatia local - os vicios dos nossos debutantes no mundo virtual. É que o acesso à internet cresceu exponencialmente nos ultimos anos aqui na Taba Tupiniquim. Novas pessoas sentam-se a frente do micro e mergulham de cara na Rede sem a menor noção dos parâmetros necessários à condição de "bom navegante". Me refiro a "netiqueta". O que me ocorre é que essas pessoas nunca possuiram tamanha oportunidade de usufruir de publicidade. E com a chance de se "expor" aos refletores do mundo através da net, fazem-no com a sede de um moribundo. O Orkut, então, se constitui - por excelência - no palco onde muitos extravasam tal ânsia de "aparecência". E, nos parece, é um fenômeno bem brasileiro. Olha só como estão distribuidos os usuários do serviço mundo a fora:

  • Brasil ......................73,81%
  • Estados Unidos ........11,90%
  • Índia .......................3,43%
  • Paquistão ................2,10%
  • Irã ..........................2,01%
  • Reino Unido ............0,68%
  • Japão ......................0,66%
  • Canadá ...................0,45%
  • Portugal ................. 0,45%
  • Itália .........................0,37%
Como diz o poeta ébrio: Dá pra tú? Viu aí, o monopolio verde-e-amarelo? E não fique pensando em classes sociais dentro daqueles 73,81%. ... Tem gente de todos os nichos, exceção feita, óbvio, ao desvalido mais preocupado com o que colocar na mesa às refeições que com o número de scrapts em seu livro de recados.
Ficou mais fácil achar as pessoas... E ficou mais fácil ter seu "profile" lotado de recadinhos cretinos, correntes odiosas, tentativas de conversão religiosa, venda de soluções pra tudo o que se pensa e outras chatices do naipe - já que a imaginação do brasileiro é infinda no que tange a banalidades. E aí vem os serviços auxiliares do tipo "meuorkut.com". Pronto. Agora qualquer um pode enviar abobrinhas em massa (sem falar nos softwares de spam...). A ferramenta, o poder de postar recados em grande quantidade a cada vez, acho de muitíssima praticidade. Não condeno a prática. Imagine que vc vai viajar e passar tempos "off line". Nada mais útil que poder avisar aos seus amigos acerca do fato. Justifica-se o "scram". Nada demais, até aí. A despeito do seu caráter meio que de "memorando", recebemos um texto bem pessoal: "caro amigo(a) vou viajar e etc etc etc"... Vc percebe uma situação real, envolvendo uma pessoa real, que produziu algo, por mais simples e trivial que seja... Nada a reclamar, portanto...
Mas quem diabos suporta os scraps prontos? Me digam, pela caridade dos anjos, quem aguenta aqueles textos e desenhos já prontos encontrados na net e enviados aos zilhões ao seu perfil??? É a falta de criatividade multiplicada pelo número de pessoas no livro de amigos do néscio(a) remetente. Puta que o pariu... Escreva alguma coisa, rabisque um poema, formate uma crônica, componha uma linha que seja e manda essa merda pra quantas pessoas quiser... Não tem nenhum problema. É até legal ver que você achou uma forma de divulgar seus juizos. Afinal, quem não gostaria de ser "lido" pelo máximo de gente que puder alcançar???... Normabílissimo... Mas - pelos chifres e ovos de Lucifer - receber diariamente piadinhas sem graça, cartões a escorrer mel, desenhinhos próprios a crianças de 2 anos e adultos retardados mentais, notícias de que o mundo vai se acabar depois do almoço ("hoax"), que Jesus me ama (eu ja sei disso.. eu que vivo fazendo sacanagem com ele...) É PRA TIRAR QUALQUER UM DO SÉRIO. Mas tem pior... Tem pior... Quer me ver fulo da vida?
Auto Ajuda. Pronto. Isso acaba com minha paciência num piscar da tela. Hinos de como crescer, se afirmar ou o caralho de asa agora viraram moda. E vem embalado em coisas do tipo "eu sou seu amigo e me importo...".... Mas que bosta, meus amigos de verdade são pessoas piedosas e jamais me torturariam com esse lixo.
Estou pesquisando algum "script" que possa limitar essa torrente de besteiras. Algo do tipo "digite as letras que aparecem ao lado" antes de se postar qualquer scrap. Isso poderia garantir que PESSOAS escrevem para mim. E como é gostoso receber scraps de PESSOAS... Caso não consiga, ESTOU CAINDO FORA DO ORKUT. Tenho mais o que fazer. E minha caixa postal agradeceria imensamente se livrar de uma vez por todas do tétrico "fulano lhe enviou um cartão..."


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