domingo, maio 31, 2009

Lei da Selva

Uma das coisas que as pessoas nao costumam entender são as possbilidades que um pc ploogado na net oferece. Não falo dos Orkuts chatos e seus scraps plastificados, mesmo porque já o caso comentei neste espaço. A tradicional fala "... fulano é tarado por computador..." normalmente revela forte indicação de que se está a frente de um analfabeto virtual. Desplugue o micro da rede que com certeza ele perderá a maior parte do seu fascínio. Os internautas de carteirinha - como eu - na verdade amam livros, filmes, viagens, músicas, comunidades interessantes, cultura alternativa (ou nem tanto) , em suma todas as possibilidades que possam enriquecer o cotidiano em combate a mesmice ordinária do meio da rua. E olha que nao me refiro às compras on line que em definitivo modificou o conceito das aquisições abrindo às pessoas o comércio mundial (literalmente mundial, se seu cartão for internacional). Esse você pode driblar usando a criatividade. Exemplo. Quem chega em minha casa dá de cara com dois posters (belíssimos, modéstia a parte) a ornamentar as paredes da sala: Um do Stevie Ray Vaughan e outro da Mariza. Sou louco pelos dois como é sabido e notório. Mas como colocá-los em minha parede? Queria imagens grandes, em preto-e-branco e disposto estava a me vender como escravo para adiquiri-los. Vasculhei o comércio, vitual ou nao. Não achando, me dei conta que eu mesmo poderia resolver o caso... Eu e o micro. Fui a net, escolhi as imagens, tratei-as com o software adequado, procurei uma gráfica local, fui até Bosco (dos quadros) e... VOILA... Lá estavam o SRV e a Mariza em minha sala.
E o legal é que as imagens foram impressas naquele material que é usado pra fazer placas luminosas. Não acaba nunca aquilo lá. É pra levar sol, chuva, neve, radiação nuclear, o que seja. Perceberam? Um micro, uma conexão (quanto mais rápida melhor, claro) e criatividade, se nao lhe deixam no paraiso lhe deposita nas vizinhanças.
Mas vamos encurtar o papo que a intenção aqui é bem específica. Navega pra lá, navega pra cá dou de cara com um blog que trazia essa imagem:
A mensagem vai mais além do que a necessidade das locadoras. Vai até a seara dos Direitos Autorais. Gostaria de tecer alguns comentários acerca do "problema"(?!?!?!?). Todos sabem que caço com avidez livros digitalizados (e-books...tenho mais de 6.000 no HD), discos em MP3 (centenas) e filmes (por enquanto, dezenas... por enquanto). Deixo pra comprar os originais daqueles títulos que realmente tenho apreço e nao abro mão de ter na prateleira o livro, o disco ou o filme, bonitinho, saido da fábrica, todo cheio de cores. No total, essas aquisições não representam 5% do que meto a mão. Ou seja. As locadoras e lojas perdem mensalmente comigo uma nota significativa (no que tange ao meu orçamento). De início isso me incomodou. De início. Pense comigo. Se você sair a caça dessas mídias vai perceber algo interessante. Quase a totalidade dos espaços (blogs e sites) que disponibilizam downloads se encontram aqui no Brasil. Inicialmente pode-se pensar na tendência do brasileiro às sacanagens. Mas a coisa exige maior reflexão. Vamos começar por nós mesmos. Quem nao gostaria de ter em sua casa todos os livros, filmes e discos "oficiais" com suas capas bonitas, impressão perfeita, som cristalino, imagens sem defeitos, legendas impecáveis? Eu pelo menos sonho com isso todos os dias. O que limita a aquisição tá na cara (ou no bolso): PODER AQUISITIVO... ou melhor: a falta dele. Não temos dinheiro pra isso. Mesmo a locação de um DVD é cara se você tem o hábito - como eu - de assistir quase que um filme diário. E a culpa não é da locadora ou da loja. O problema vem desde a linha de produção. Se o grosso da grana fosse direcionada á lide artística propriamente dita ainda podiamos aceitar a situação. Arte não tem preço. Mas olhe lá. Tem de se perceber o descompasso entre o poder aquisitivo do brasileiro e a exiguidade do mercado. Enfim. O acesso fácil e amplo da produção "oficial" ficou para quem tem uma conta bancária bastante obesa. Por isso nos EUA e na Europa (e mesmo no Japão) pouco se tem de sites e blogs de compartilhamento ("piratas", vamos dar nome ao boi). O consumidor daquelas plagas tem um poder aquisitivo maior e o produto se encaixa nele. Não é porque a fiscalização por lá é maior (e é bem arrochadinha mesmo...vacilou por lá é cadeia na certa...). Mas muito mais porque a população não tem a necessidade de aderir à pirataria... Porque fazê-lo se o original, bem cheirosinho, está à mão, mais do que exequível ao seu consumo? Olha o gráfico abaixo (que vem com a referência da UNICAMP)...
O que temos à vista é a distribuição dos custos de produção de um CD. Não está na demonstração gastos com divulgação (uma nota preta em alguns casos e motivo de outro debate bem mais profundo). Mas repare na carga tributária. Repare também as fatias referentes ao artista. Percebem o contraste???
Não vou me remeter a qualidade do que dispomos no mercado nacional. Muita coisa boa não nos chega simplesmente porque não tem vendagem. O que temos então é um material exiguo em qualidade e ainda por cima caríssimo. Meu amigo, o que fica então é a lei mais básica da sobrevivência que, justa ou injustamente, termina por ofuscar outras questões que permeiam o tema. E tome downloads...

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