domingo, novembro 15, 2009

Paralamas do Sucesso em São Gonçalo: EU NAO FUI ... DÁ LICENÇA???

Minha Virgem Santíssima.
Não se chegou nem a bater 9 horas da manhã do dia seguinte (domingo) e já sou bombardeado, via MSN, em uma amostra do que vai ser minha semana. Acordo por volta de cinco da manhã e sento-me a mesa de trabalho. O objetivo é desenhar minha participação como expositor na I Kizomba de Cultura Afro-Brasileira evento local de real interesse e que se inscreve na Semana da Consciência Negra, essa última, data nacional. Corro às estantes ("porra, cadê o meu Décio Freitas???"), junto bibliografia, abro o micro, me ploogo na rede e já estou pronto a começar. Como sempre, abro o MSN e deixo alí. Sempre entro no status off line quando estou trabalhando. Mas hoje, aí de mim, esqueci de configurar o status, ficando bem a vista. Pronto.

"- Oi...bom dia"
"- Olá..."
"- De ressaca pelo show do Paralamas?"
"- Não... eu nao fui..."
"- O QUEÊEEEEE????.... VOCÊ NAO FOI AO SHOW DO PARALAMAS NA FESTA DO COCO???"

Depois da terceira repetição do "modelito" acima, desploogo em nome do sossêgo...
Mas vai ser essa a "pisada" a semana inteira. Tenho de ter cuidado pra nao me sentir um tanto quanto herético por nao ter ido ver o Hebert Vianna aqui pertinho.
Pois é...Não fui.
Fiquei em casinha mesmo, vendo filmes e tomando doses cavalares de sal de frutas Eno na tentativa de controlar a azía que me mata esses dias. O "trio do ska" que me perdoe mas deixemos pra outra. No momento ando menos pra lanterna e mais pra afogado (que trocadilho infame...minha vingança aos que me instaram e instarão).
Já aconteceu outras vezes..."você nao foi ...?????"...
Vamos poupar tempo e indignação: doravante todos já sabem: EU NAO FUI...pronto. Quando quiser ir eu vou. Vou pra Paralamas, vou pro show da banda alternativa da capital cujo trabalho foi gravado por piedade ou pelo erário público ou vou mesmo pra casa do caralho. E não me venham com olhos de reprovação com se eu fosse um desequilibrado assolado por séria sociopatia. Já ouvi mais música e comprei mais discos que todos os cretinos e cretinas que me enchem o saco, somados e acrescidos de uns quantos DJs de FM. Não tava nem no útero ainda (metade de mim no ovário de Mamãe e outra metade no ovo esquerdo de Papai - por isso sou canhoto e chato) quando comecei a ouvir sons.
Mal saí e ja tava vendo gente tocar. Resultado. Não é qualquer coisa que me impressiona a ponto de me arrancar do fundo de minha rede e dos meus lençois cheirando a peido. No caso especifico do Paralamas, reconheço e COMO RECONHEÇO a envergadura do Brock, do pop oitentista no cenário cultural nacional. O que nao quer dizer que me cague todinho aos primeiros acordes de "Meu Erro". Se fosse mais perto (algo como no quintal de minha casa...mas nao lá no fundo...mais perto da porta da cozinha...) eu certamente iria... se tivesse uma mesa onde me sentar, claro (na cadeira, não na mesa).
Tá certo, tá certo...Tem o lado social. Tá todo mundo por lá, todo mundo muito alegre, cheio de amor pra dar e viva a integração. Taí o problema. Fazer sala. Ja me vejo de copo na mão (cerveja quente) distribuindo dentes em sorrisos de dar caimbras no queixo tendo de falar com gente que na verdade tenho mesmo é vontade de dar um bofete. Não preciso de uma megaevento pra abraçar meus amigos e amigas, os pouquíssimos e valiosos que ainda me suportam. Quando quero fazê-lo, aceito convites até pra ir ao inferno assistir a performance do Latino. Ou melhor ainda, convido-os a minha casa. Ou melhor ainda ainda, saimos todos pra qualquer biboca (hight society ou nao) já que o que importa mesmo são as gentes.
Quanto à Música em si, sou chato mesmo. O pior é que as pessoas acham que é necessário a Sinfônica de Berlim ou uma jam do Pink Floyd com o Yes pra me tirar da caverna. Nada disso. Me arrumem um show do Chico Correia e Eletronic Band e me amarrem pelos ovos com uma linha nylon em casa que, pode apostar, corro pro show deixando os bagos pendurados no prego. Uma cantoria de viola com Waldir Telles teria o mesmo efeito. A Mariza pode se apresentar no cú do judas que lá estarei eu. São tantos e tantas que ja tá dando raiva de estar em casa agora.
"Mas" - dizem todos - "aqui nunca tem nada de interessante, então quando aparece ...". Agora fodeu. Pura que o pariu. Já pensou? Coisa mais besta... Veja a situação se aplicado o tal "paradigma". Eu acho o som do Nirvana uma merda. Tosco e troncho. A morte trágica do Kurt Cobain foi lamentável. Contava com ele vivinho e vendendo discos pois assim chegaria eu próximo de pagar grande parte dos meus pecados diminuindo o meu tempo de permanência no purgatório. Pois bem. Vamos e venhamos, eu nao iria a um show do Nirvana (com ou sem o falecido) nem que fosse na Quadra do Seu Chico Amaro, aqui perto. Alias. Corrijo. Na Quadra do Seu Chico eu iria so pra conversar com o próprio, com o Nenen e Vaval lá na cozinha deles entre um berro e outro dos cretinos de Seattle. Mas ir porque aqui nao rola nada de interessante é o mesmo que tomar banho de bosta no Açude Grande porque aqui não temos praia. Não cola.
Portanto, pelo amor a todos os deuses, EU NAO FUI AO SHOW DO PARALAMAS. Como vou sobreviver depois disso é problema meu. Mas acreditem: sobreviverei.

Em tempo. O Herbert Vianna é um dos maiores colecionadores de guitrras Gibsons deste lado de cá do mundo. Quando ele resolver mostrar o que sabe fazer mesmo - E ELE SABE MUITO, ACREDITEM - com tudo aquilo, lá estarei eu, no gargarejo a beira de uma síncope de felicidade.



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3 comentários:

Anônimo disse...

"... do fundo de minha rede e dos meus lençois cheirando a peido." O QUE VC IRIA VER?

Unknown disse...

Arrghhhh... foi razoável o show, mas não cola aqui no sertão esse tipo de evento. Vergonha ver um bando de "prayboy" lá dançando um forrozim ao som de "meu erro"...

Anônimo disse...

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