domingo, julho 01, 2007

Morre Paulinho


Eu tinha mais ou menos 13 anos e estudava com seu irmão, Adriano. Uma vez na casa do Adriano eu ouço o som de uma flauta. Era o Paulo Gomes manuseando uma flauta doce . Cheguei em casa e pedi a minha mãe que me comprasse uma. Foi o meu primeiro instrumento musical. Trago essa flauta Yamaha até hoje e, ontem mesmo, eu a usei no ensaio do Arlequim Rock'n'Roll Band. Crescemos e nos tornamos amigos intimos, irmãos de farra, de música, de amadurecer no mesmo rítmo. Nossos pais já se conheciam de outras épocas. Já sua esposa Helena é paraibana e logo se tomou de amizades com a Samara. Helena é feita de aço. Só alguem com aquela têmpera, aquela generosidade infinda podeira domar a fera.
Meses faziam que o Paulo Gomes (o Paulinho) se encontrava em Fortaleza com sérios problemas de saúde. Minha mãe me liga agorinha mesmo me dando a notícia: faleceu Paulo Gomes, o Paulinho. Deve estar com o Sinesio, outro irmão de tempos, morrendo de rir da peça que ele pregou na gente, mania que tinha de fazê-lo. Morrer de forma intempestiva. Brincadeira sem graça essa sua Paulo Gomes. Mas pena que não possa repeti-la, pois assim vivo estaria e poderiamos talvez, com mais reza, impedi-lo de concretiza-la.
De longe meu abraço de despedida. Não poderei viajar para lhe prestar meu carinho e respeito. Faço-o agora postando a letra da música que você executava mais repetidamente, ao violão. E de forma impecável.
Sangue e Pudins
Fagner
Composição: Abel Silva
Não quero saber quem sou, morro de medo
nem quero saber pra onde vou, é muito cedo
Talvez se eu arrancasse de minha língua o sinal
talvez se eu inventasse o juízo final.

Talvez se eu prometesse sangue e pudins
Ou se eu costurasse a roupa dos querubins...

Mas o que eu quero é saber
é o que apronta este lado do teu rosto
E o que faz o sossego morar no que está posto.

Não guardo segredo mas sou bem secreto
é que eu mesmo não acho a chave de mim

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