sexta-feira, abril 04, 2008

Papillon

Certo que o Henri Charrière se revelou - anos depois - um tremendo farsante, roubando a história de outro cara. Mas não importa. Importa bem mais o milagre que o santo. É que quando assistimos "Papillon" (e/ou devoramos o livro) o que ficava era um misto de raiva e melancolia dedicado com todo fervor à Humanidade. Todo mundo se identificava com o Steve McQueen ou o Dustin Hoffman, hóspedes do cárcere francês colonial (na telona). Minha primeira tatuagem nasceu daí. Era uma forma de lembrar que éramos todos Papillons, prisioneiros de nossa condição... Éramos também papillons ("borboleta", em francês) quando pautamos nossas vidas pelo eterno ciclo de metamorfoses que nos aflige e liberta.
Minha edição do livro (eu com 17 anos???) tinha na capa uma borboleta descansada em um grilhão. PRONTO... Tudo o que eu queria dizer estava naquela imagem E assim uma borboleta pousou para sempre no alto da minha coxa esquerda na forma de minha primeira tatuagem... A outra tattoo aconteceria muitos anos depois e não tinha menos significado libertador que a primeira: a fadinha sobre o peito esquerdo, minha filha, Maya Jordana... canhoto é foda... tudo em um lado só...
A trilha sonora do filme nos deu uma das mais belas e tristes canções que já se ouviu nesse planeta de merda. A interpetação da Nicoletta Claudette Auchu (gravação de 1974) leva você facilmente às lágrimas, tenha assisitido ao filme ou não, tendo lido o livro ou não, percebendo a letra do francês original ou não... Depois de tanto tempo a Magia da Internet me coloca aos ouvidos sequiosos a trilha de Papillon... De imediato corro a "Toi Qui Regarde la Mer"... e ouço, e ouço, e ouço... uma, duas, cinco vezes ... perco a conta... A cada audição fica mais clara na memória a imgem de Papillon, alquebrado na ilha prisão, do alto de um penhasco, o olhar perdido mar a fora...
Posto a letra. Posto o link para descer a música. Somente ela...


"Toi Qui Regarde la Mer" (download)

Toi qui regarde la mer tu es seul avec tes souvenirs
Et malgré tout ce bleu tout ce vert tu es triste a mourir
Mais quand tu fermes le yeux un refrain qui te parles en argot
Fait valser tes souvenirs avec l'odeur du métro
Chacun s'évade a sa façon chacun son rêve papillon

Toi qui regardes la mer tu ne vois même plus l'horizon
Tu regardes vingt ans en arrière et c'est loin et c'est bon
Paris existe toujours et quand vient le printemps on peut voir
Les voyous flâner autour des marronniers des boulevards
Les yeux fixes sur un jupon tu te souviens papillon

Toi qui regarde le ciel tu n'es plus qu'un pauvre homme exile
Accable par le poids du soleil par le poids du passe
Mais quand le soir tu t'endors en pensée tu retournes chez toi
Te voila dans ton décor ton p'tit hôtel ton tabac
C'était tout ça ton univers toi qui regardes la mer


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