quinta-feira, agosto 05, 2010

Encontro nacional ...em Cajazeiras

        
          Toca o telefone. Odeio esse barulhinho, talvez em função das más notícias que sempre o acompanharam nos últimos anos. Levo o fone às “oiças” já com aquela cara de quem sobe ao patíbulo.  A voz do outro lado me era muito familiar, o reconhecimento chegando no segundo desfiar de carinhosos e impúblicáveis palavrões.  Era o Lemuel Rodrigues, colega de juventude e salas de aula em Mossoró, hoje Prof. Dr. Lemuel Rodrigues, efetivo do quadro docente da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Quebrando o padrão, o telefone me traz uma feliz e agradável surpresa.

        Cumprido o trâmite social (que para mim e o Lemuel é recordar as noitadas dos anos idos), me informava esse que me é tão caro da sua condição de presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, entidade que reúne amplo leque de interessados no tema, dispersos pelo Brasil e exterior. Segundo me informava na qualidade de dirigente da instituição, o ano vindouro (2011) abrigaria o encontro nacional da entidade. E esse encontro a SBEC gostaria de realizar em Cajazeiras. Isso mesmo. Aqui, às margens do Açude Grande.

         Meio que sem fôlego, solicito detalhar o quadro. Arrojado como só ele sabe ser, me adiantava o Lemuel que isso poderia ser feito em reunião da Sociedade que me receberia como representante da UFCG-CFP estando já feitas reservas em hotel da cidade de Mossoró em meu nome. Típico de Lemuel. Quando você pensa em chupar o caju, ele já tem a mão cheia de castanhas... e assadas. Peço alguma prazo. Viajar carregando o nome do meu Campus não é coisa besta não. Contato de imediato o meu diretor, o Prof. Dr. Cezário de Almeida, outro de visão larga, coragem e decisão quando o assunto é  a otimização das lides acadêmicas. Reporto-lhe o que me foi dito e, sem surpresa alguma, recebo autorização para cair na estrada em nome do Centro de Formação de Professores da UFCG que se dispunha, nos limites de sua realidade, a colaborar com o que fosse para que se tenha Cajazeiras como sede do encontro nacional da SBEC.
        
          Em Mossoró, finco pé. Antes de mais nada a questão era: o que levou a instituição a se interessar pela Terra do Padre Rolim para sediar evento de tal envergadura? Objetivo, o presidente da SBEC faz ver nossa posição geográfica estratégica quando o assunto é Sertão. Estamos próximos a diversos estados, encravados na “ecologia” que abrigou o cangaço e possuímos uma razoável estrutura acadêmica, não somente na UFCG. Conversa vai, conversa vem, batemos o martelo de forma preliminar. Cajazeiras deverá, neste estágio da coisa, sediar o II Congresso Nacional do Cangaço que ocorrerá entre os meses de outubro e novembro de 2011.

         Claro que muitos ajustes esperam atenção. Mas o fato é que a carroça já está andando. Próximo dia 16 uma comissão formada por diretores e sócios da SBEC chega à cidade. Sua intenção é formalizar junto a UFCG-CFP os parâmetros gerais do evento, alem de conferir questões estruturais, como nossa rede hoteleira. Obviamente que uma audiência junto ao poder executivo local será de extrema pertinência. Não vamos esquecer que trata-se de um evento de caráter nacional voltado para um tema que faz parte do DNA cultural do sertanejo, o Cangaço. A Universidade Federal de Campina Grande, seu Centro de Formação de Professores não pode e não deve ser a solitária  representação de nossa comunidade na empreitada. Poder público e entidades privadas, associações e clubes, grêmios e sindicatos além da sociedade sertaneja como um todo, devem abraçar a proposta com veemência. Somos um pólo de referência cultural, gostamos de propalar. Somos, de acordo com um jingle bem popular, o “berço da cultura paraibana”. É hora de demonstrar claramente o status que, de forma justa, chamamos a nos, cajazeirenses e cajazeirados. Que venha pois o II Congresso Nacional do Cangaço, puxado pela SBEC. Nossos parabelluns estão à disposição de tão distinto “bando”.


.

Nenhum comentário: