sexta-feira, setembro 21, 2007

Porque gosto da Mariza...

Uma vez, logo nos dias iniciais desse blog, escrevi um texto todo meloso sobre a Mariza (clique aqui pra ler), a fadista portuguesa (moçambicana, na verdade). Logo em seguida escrevi outro comparando-a com o Stevie Ray Vaughan, aparentemente tão distantes (clique aqui pra ler). O fato é que a Mariza é causa de uma quase guerra cívil em Portugal. De um lado seus ardorosos (como eu) fãs. Do outro, parte da crítica especilizada na música tradicional lusa, em especial o Fado. Esses não poupam munição, recorrendo aos adjetivos mais virulentos quando o assunto é a Mariza. Mas o eixo é um só: Mariza estaria descaracterizando o Fado. Ora, em meu texto incial sobre a cantora (por quem eu nutro admiração fanática) deixo claro o tradicionalismo da diva. Mas é bom que se perceba que naquele momento eu a comparo com a Dulce Pontes. Nesse caso, acho os arranjos da Mariza mais próximos das tavernas e casas de fado, se comparados aos da Dulce. Mas, é de se dar a cara a bofete: Mariza não vocaliza como se exige no modelo tradicional. Nos moldes estabelecidos - pela Amália, por exemplo - é de se pensar em cantar de forma contida, quase intimista, os agudos explorados com cautela. Mas não pense em "contido" nos moldes da Bossa Nova. Estamos falando em Fado... as porporções são outras... Nesse aspecto a Cristina Branco está mais pra coisa. Seu timbre, sua interpretação lembra muita coisa da Amália. A Misia também corre por aí...
Adoro fado. Desde jovem ouvia Carlos do Carmo dos discos do meu avô. Amália tinha de vir naturalmente. Mas nunca cheguei a cagar nas calças ouvindo ambos. Me emociona a Amalia por sua voz, sua vida, sua atitude. Dependendo do porre, posso ir as lágrimas. Já a Mariza não. Ela me atinge frontalmente. É ouvir e ficar estático. Cheguei a escutar "Primavera" umas oito vezes consecutivas sentado em uma poltrona. O que me encanta em Mariza é exatamente o que irrita seus críticos: sua forma VIOLENTA E PASSIONAL DE EXPLORAR A VOZ. Mariza canta fado como um VOCALISTA DE ROCK... É alma pura. Talvez seja isso que levou a cantora a lotar a Tenda Raizes no Rock in Rio (in Lisboa... heheh) com um público "sub-24" mais proprio a concertos de Rock (dito por um orgão de imprensa lisboeta). Porque Mariza é Rock'n'nRoll... É um Freddy Mercury sem bigodes... Um Ronnie James Dio de saias... Um Stevie Ray Vaughan sem sua Stratocaster... Devo a ela essa possibilidade: ouvir uma música que me encanta - o fado - cantado com a força impactante de um estilo que é minha vida: o Rock'n'Roll. De fado nada sei, jamais ousando terçar argumentos com algum irmão D' AlémMar... Mas de sentimentos e das várias formas de expressa-los musicalmente, lá isso sei eu, como todo latino. Portanto, prefiro a Mariza, sem desmerecer as outras meninas. Afinal, já dizia o filósofo, "cada macaco..." ... vc sabe....
Pra se perceber essa discrepância entre o discreto tradicional (Cristina Branco) e a exuberância rock da Mariza, clique nos dois links ai embaixo, desça e ouça atentamente as gravações. São somente alguns segundos cada uma. Que cada um tire suas conclusões. Afinal o livre arbítrio blá, blá, blá...
desça uma coletânea da Mariza clicando aqui
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